A estiagem do ano passado não trouxe só problemas relacionados ao abastecimento de energia, de acordo com o apurado pela unidade estadual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Ceará, especificamente, o órgão constatou a pior safra de grãos dos últimos 17 anos, com uma redução de 83,74% em relação à prevista para o Estado em janeiro de 2012. Ao todo, a produção obtida foi de 233.857 toneladas - 82,02% menos que a colheita cearense de 2011, que foi de 1,3 milhão de toneladas.

Conforme o IBGE, o milho é considerado o carro-chefe da safra de grãos no Estado e teve sua participação reduzida de 67% para 52,39% FOTO: ALEX COSTA
Os números locais contrastam com os registrados para a safra nacional, a qual bateu recorde e chegou a 162,1 milhões de toneladas, superando em 1,2% o obtido em 2011. "A seca de 1997 foi ruim e esperávamos um resultado bem pior em 1998, mas 2012 superou as piores expectativas que tínhamos e apresentou uma seca inclemente", afirma Regina Feitosa, coordenadora do Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias do IBGE no Ceará (GCEA).
Ela destaca o relatório feito em parceria com a Ematerce e divulgado no último relatório de 2012, o qual estabelece um andamento das chuvas ao longo de todo o ano passado e evidencia as decepções dos agricultores ao não verem as previsões de chuvas se realizarem. Depois de encerrada a colheita cearense, o relatório enviado pelo IBGE contabiliza para os últimos 17 anos, seis anos de seca no Estado contra cinco com produção acima do 1 milhão de toneladas.
Produtos em queda
Considerado o "carro-chefe da safra de grãos", o milho teve a participação - normalmente de 67% - reduzida para 52,39% na safra cearense do ano passado. A justificativa dada pela especialista do IBGE é de que ele é o cereal mais vulnerável à falta de água, "especificamente no período da formação do grãos". O feijão foi outro diretamente afetado pela estiagem. Detentor de 22% da participação na safra, o produto passou para 17,38% na última.
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