Em
um momento em que o desemprego segue elevado, fortalecer as micros e pequenas
empresas (MPEs) torna-se ainda mais importante, uma vez que, no Brasil, elas
são responsáveis por 47% dos postos de trabalho formal. No Ceará, esses
empreendimentos respondem por quase 50% de todos os empregos com carteira
assinada no Estado, de acordo com o diretor técnico do Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Ceará (Sebrae-CE), Alci Porto.
Um desses negócios é o do empresário Oséias Teixeira,
cujas quatro lojas empregam 25 pessoas. Há três anos, ele, que era cortador de
tecidos, viu no ramo da confecção uma boa oportunidade para começar o próprio
empreendimento. Oséias, que começou trabalhando em outras empresas e depois
virou "free lancer" fazendo serviços com sua mesa de cortes em casa,
começou como microempreendedor individual (MEI) e, em 2015, com o crescimento
da demanda pelos produtos, mudou para microempresa (ME).
A expansão começou com as vendas para o Interior do
Estado. Em pouco tempo, o negócio já tinha demandas para Manaus, Belém, São
Paulo, Maranhão, Rio de Janeiro e outros estados. Assim, Oséias viu a
necessidade de "subir de patente", como ele mesmo diz, e contratar
mais pessoas para atender aos pedidos.
Impacto econômico
Além da grande geração de empregos, os micros e pequenos
negócios também são importantes para a economia nacional e estadual. De acordo
com o diretor técnico do Sebrae-CE, 26,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do
Estado é oriundo desses empreendimentos. "Isso leva a crer que esses
negócios têm impacto na riqueza e empregos", diz. Porto avalia que, desde
2007, o País conta com um cenário melhor para o empreendedorismo devido à
criação do Supersimples ou Simples Nacional, regime de tributação unificada
para micros e pequenas empresas.
"Essa nova legislação trouxe um arcabouço legal que
gerou oportunidade de registro, com desburocratização. Com a lei geral, ficou
muito mais fácil para esse microempreendedor existir e sobreviver",
explica.
Cenário melhor
Conforme o diretor técnico do Sebrae, a criação do
Supersimples favoreceu o salto no número de empresas registradas para 400 mil
no País. Desse total, 60% são micros e pequenas. As médias e grandes
correspondem a apenas 0,2%. "A partir da implantação da lei, surgiu a
figura do microempreendedor individual, ou seja, antes, ou se tinha uma empresa
estruturada, ou era informal", afirma Porto.
Com a legislação, hoje são, no Ceará, quase 200 mil
microempreendedores individuais registrados, segundo Porto. "Estamos com a
maior formalização já ocorrida em cerca de dez anos. Temos cinco ou seis vezes
mais empresas, um crescimento que surgiu com o Supersimples".
Necessidade
Porto destaca ainda a grande ocorrência nos últimos anos
do empreendedorismo que se dá devido à necessidade de renda. "Em momentos
de crise, esse tipo de empreendedorismo por necessidade se multiplica e nem
sempre essas pessoas estão preparadas para isso, nem sempre elas se
estruturam", afirma.
A consequência dessa falta de preparo, de acordo com ele,
é a mortalidade das empresas. "O mercado está mais competitivo, com
clientes cada vez mais exigentes, então não há espaço para amadorismo",
acrescenta.
Áreas em destaque
Para a presidente da Federação das Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte do Ceará (Femicro-CE), Dalvani Mota, as pessoas têm
visto a necessidade não só de empreender, como também de enveredar por áreas
que estão em maior evidência, como o ramo de alimentação.
"Hoje, você anda em um bairro de Fortaleza e, a cada
duas casas, há uma pessoa vendendo comida na porta da residência", frisa,
ressaltando que essas pessoas optam por esse empreendedorismo ao saírem de seus
empregos. Ela analisa ainda que as mulheres se destacam na iniciativa de mudar
de ramo.
"A mulher tem uma agilidade maior em criar uma coisa
nova e o homem tem mais dificuldade em mudar", acrescenta a presidente da
Femicro-CE.
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