Lei não proíbe a fabricação ou a venda dos equipamentos, apenas a utilização em espaços públicos
A cultura dos paredões de som vem se tornando alvo de muitas críticas em vários setores da sociedade. Comercializar os aparelhos é permitido, mas sua utilização em locais públicos recebe restrição, passível de apreensão do equipamento e multa. Somente nos dois primeiros fins de semana de Pré-Carnaval, 25 equipamentos foram levados pela Secretaria Municipal de Urbanização e Meio Ambiente (Seuma). Para reaver os objetos, cada proprietário deve arcar com pagamento que varia entre R$ 850,00 a R$ 1.500,00.
Nos dois primeiros fins de semana do Pré-Carnaval, 25 paredões de som foram apreendidos pela Secretaria Municipal de Urbanização e Meio Ambiente (Seuma). Para reaver, o custo é de R$ 850,00 a R$ 1.500, 00
A Lei nº9756, aprovada em fevereiro de 2001 pela Câmara Municipal de Fortaleza, determina a proibição do funcionamento de sons automotivos rebocados, instalados no porta-malas ou em carroceria, com utilização em espaços públicos (praças, praias, vias e logradouros) e privados de livre acesso ao público (estacionamentos e postos de combustíveis).
Mesmo com o rigor da legislação e fiscalização mais rígida, os paredões continuam animando festas em locais públicos e privados. A explicação para a continuidade da utilização do equipamento é simples: a lei não proíbe a fabricação dos paredões. Proíbe, sim, o mau uso do equipamento. E é este ponto que gera polêmica.
A questão acerca do mau uso destes aparelhos já causou até mortes. No último fim de semana, durante uma festa de Pré-Carnaval, dois jovens perderam suas vidas após discussões e enfrentamento com a Polícia, devido ao som alto de um paredão, no Bairro Ellery, em Fortaleza.
A Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) cancelou as apresentações dos blocos carnavalescos Almeidão Folia e Sai na Marra, previstas para sexta (1º) e sábado (2), no entorno da Praça Dias de Macedo, local onde ocorreu o confronto.
Longe da polêmica, o mercado continua aquecido. E não sai nada barato adquirir um equipamento. Um paredão mais simples custa R$ 25 mil, de acordo com Fernando Vítor, sócio-proprietário de uma loja especializada em multimídia, que também monta paredões. “Nossa clientela sabe exatamente onde usar o equipamento”, esclarece.
Para quem não tem dinheiro suficiente para comprar um destes equipamentos, a saída é alugar. “O que é comum”, garante Ramon Sobrinho, sócio de Fernando Vítor. “Nós alugamos para os clientes que já sabem das restrições de uso”, diz.
Segundo Sobrinho, muitas pessoas procuram alugar os equipamentos, mas a loja faz uma espécie de triagem antes de fechar contrato. Cada aluguel sai em média a R$ 200,00, dependendo da potência do som.
Em um mercado aquecido, principalmente entre os meses de outubro e fevereiro, a comercialização pode chegar a 30 equipamentos completos, alugados ou vendidos. “Nós não somos marginais. Quando alugamos um paredão, alugamos para uma festa particular, em local privado. Não alugamos nosso equipamento para ser usado em local público”, salienta Vítor.
Respeito
Para Ramon Sobrinho e Fernando Vítor, é preciso desmistificar uma “visão errada” dos consumidores de som automotivo. Vítor ressalta que existe uma “má interpretação” que difama as pessoas que apreciam esse tipo de equipamento.
“Há três anos, nós fundamos a União dos Profissionais em Serviços de Som (Uniprosom) para moralizar o mercado. Existem, sim, baderneiros, mas a grande maioria respeita a lei”, completa. A Uniprosom tem, hoje, 12 lojas associadas.
Cada paredão de som é desenhado e arquitetado minuciosamente. Depois, é feito em marcenaria, podendo atingir quatro metros de altura. Muitos equipamentos recebem assinatura própria, com desenhos impressos, vindo de sugestões dos futuros proprietários.
Medidas
As ações de combate à poluição sonora foram intensificadas na Capital, durante o último fim de semana, de forma coordenada, com agentes da Guarda Municipal, Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania (AMC) e Polícia Militar, além dos fiscais da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma).
Segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura Municipal de Fortaleza, foram colocados postos fixos na Praia de Iracema e nas Regionais, visando apreender os equipamentos sonoros acoplados a veículos. Durante o último fim de semana, a Seuma disponibilizou 22 de seus fiscais, segundo informou a própria Secretaria.
Custo
25 mil reais é o preço do paredão de som mais simples. Há também a opção de alugar que sai, em média, a R$ 200,00, dependendo da potência do aparelho
Elieldo TrigueiroEspecial para Cidade
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