O estudante cearense que é exemplo de superação dá mais uma prova de que é possível ser vitorioso na vida
O estudante Ricardo Oliveira ganhou da presidente Dilma Rousseff mais uma medalha na Olimpíada Brasileira de Matemática. Atualmente, ele dá palestras sobre exemplo de superação para jovens estudantes fotos: honório barbosa
Várzea Alegre Uma história de superação e determinação, que é exemplo para todos os alunos brasileiros, vem desta cidade, localizada na região Centro-Sul do Ceará. O estudante Ricardo Oliveira, que apresenta grave deficiência física, ganhou mais uma medalha na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). A competição é um projeto educacional que reuniu mais de 18 milhões de competidores de 44 mil escolas de todo o País.
O campeão dos números e da vida, agora também é palestrante e fala para alunos das escolas do Ceará sobre superação e outros temas motivacionais. O ciclo de palestra ocorre ao longo do ano, por iniciativa do governo do Estado do Ceará.
Os participantes da olimpíada são egressos do 6º ano ao 9º ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio de instituições públicas municipais, estaduais e federais, que se enfrentam numa verdadeira batalha de cálculos matemáticos. O objetivo do Governo Federal é incentivar os alunos a gostarem da disciplina e criar entre eles o gosto pela aprendizagem e a concorrência saudável.
Condecorações
Ricardo Oliveira já ganhou quatro medalhas de ouro, em edições passadas da Obmep, concorrendo como estudante do Ensino Fundamental. Agora, aos 23 anos e aluno do 3º ano do Ensino Médio, da Escola Estadual Maria Afonsina Diniz Macedo, em Várzea Alegre, Ricardo trouxe mais uma medalha de prata. No total, já são três condecorações nessa modalidade.
Recentemente, o jovem recebeu das mãos da presidente Dilma Rousseff, a medalha de prata que conquistou na Olimpíada de Matemática, edição referente a 2011. A solenidade com a presença do estudante cearense mais uma vez emocionou a plateia e as autoridades.
"Ricardo é um exemplo de superação para todos nós", disse Dilma Roussef. A história do jovem emociona a todos, pois ele é um aluno especial.
Portador de amiotrofia espinhal, doença que impõe sérias limitações físicas de locomoção, e causa fraqueza nos músculos, Ricardo é cadeirante. Sua mãe, Francisca Antônia, conta que o filho sempre demonstrou vontade de estudar e coube a ela a missão de ensinar as primeiras letras e noções de matemática, quando a família morava na zona rural de Várzea Alegre.
O estudante foi descoberto a partir de um projeto educacional de inclusão da Secretaria de Educação do Município, em 2005. "Ele estudava em casa, com a mãe, mas foi identificado por um agente da educação. Em seguida, foi matriculado em uma escola regular", contou o prefeito de Várzea Alegre, Zé Hélder.
A escola ficava perto da casa dele, na localidade de Vacaria, Distrito de Ibicatu, zona rural do Município. Ricardo ia todos os dias levado pelo pai, o agricultor Joaquim Oliveira, em um carrinho de mão, daqueles usados em serviços da construção civil.
Ao chegar à escola, o jovem mostrou talento e determinação, e provou que a educação abre muitas portas e é o melhor caminho para o desenvolvimento pessoal e de uma nação. Ao tomar conhecimento da Obmep, mostrou interesse em participar e recebeu o apoio integral da Secretaria de Educação do Município. Fez a prova e o resultado foi satisfatório: campeão brasileiro. Recebeu medalha de ouro das mãos do então presidente Luis Inácio Lula da Silva.
Hoje, Ricardo Oliveira tem casa na cidade, onde mora com os pais e o irmão, Ronildo Oliveira. Tem cadeira de rodas motorizada, estuda numa escola pública, reconhecidamente de qualidade, na cidade, e ainda conta com uma bolsa cedida pelo Governo do Estado para dar palestras contando o seu exemplo de superação para outros estudantes em todo o Ceará.
"O nosso projeto de educação inclusiva descobriu um grande talento", observa o secretário de Educação, Dagoberto Diniz.
O estudante não é só um campeão dos números, é um vencedor na vida. E ele observa: "A vida sempre tem um lado bom e um lado ruim. Mas, se você ficar só pensando no lado ruim, não chega a lugar nenhum".
A deficiência impediu que ele fosse à escola, mas o menino não perdeu a vontade de estudar. A mãe, Francisca da Conceição, só cursou até a sexta série, mas ensinou o pouco do que sabia ao filho. "Eu ensinava português, matemática, história e ciências com uma cartilha que comprei e que tinha as quatro matérias", contou ela.
Com a ajuda do irmão mais novo, ele foi além da leitura e das operações básicas da matemática. E Ricardo se afinou bem com os números. "A gente sempre estudava junto, ele me ensinava alguma coisa e eu ensinava alguma coisa para ele. Nós trocávamos conhecimento direto", lembra o irmão caçula Ronildo Oliveira da Silva.
Por ocasião da entrega da primeira medalha de ouro, o então presidente Lula declarou: "Ricardo sonha em ajudar o País com seus conhecimentos e diz ele: ´hoje, é o Brasil que está me ajudando. Mas pode ser que amanhã eu esteja ajudando o Brasil". Para Ricardo, esse foi o momento mais emocionante da premiação, pois foi aplaudido de pé por todas as pessoas presentes na cerimônia. "Foi uma emoção tão grande, que eu só tinha vontade de chorar", recorda.
Acostumado a ganhar medalhas, Ricardo Oliveira, nos últimos três anos, tem se dedicado a visitar escolas e dar palestras sobre superação, a vida, e procurar despertar nos alunos o gosto pelo estudo. "A gente tem que começar sempre devagar e superar os obstáculos um a um para poder chegar longe", ensina o campeão da vida.
A competição nacional é um projeto educacional que reuniu mais de 18 milhões de competidores de 44 mil escolas do País
O jovem campeão dos números e da vida, agora também é palestrante e o ciclo de palestra ocorre ao longo do ano, com apoio do Estado
REPÓRTER
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