Podas irregulares e espécies inadequadas estão entre as causas; moradores reclamam da falta de manutenção
De janeiro a outubro deste ano, caíram 232 árvores em Fortaleza, conforme a Empresa de Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb), o que dá uma média de 23 tombamentos por mês. Leonardo Jales, membro do Movimento Pró-Árvore afirma que a principal causa da queda de árvores na Capital é a poda errada. "São podas muito drásticas que a Companhia Energética do Ceará (Coelce) e a Emlurb praticam, sem orientação", avalia.
De janeiro a outubro deste ano, caíram 232 árvores em Fortaleza, conforme a Empresa de Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb), o que dá uma média de 23 tombamentos por mês. Leonardo Jales, membro do Movimento Pró-Árvore afirma que a principal causa da queda de árvores na Capital é a poda errada. "São podas muito drásticas que a Companhia Energética do Ceará (Coelce) e a Emlurb praticam, sem orientação", avalia.
Lixo acumulado e árvores cortadas são vistos no canteiro central da Avenida Heráclito Graça. Em outras vias,
como na Avenida Carapinima, no Benfica, o concreto predomina: não há nenhuma árvore Foto: Alex Costa
A segunda causa que aponta é a escolha errada de espécies para Fortaleza. O especialista explica que, para calçadas, o indicado é que sejam espécies de pequeno e médio porte. Já as de grande porte, para praças.
"A espécie a ser escolhida vai depender do local onde a árvore será plantada, se tem fiação. O problema é que isso não vem sendo feito. A gente observa que a população faz a arborização de espécies erradas, que não são nativas daqui", comenta. Em Fortaleza, predomina na arborização o nim indiano - espécie exótica invasora que não pertence a este bioma. O especialista alerta que o nim é uma péssima escolha para arborização urbana, pois levanta as calçadas e quebra todos os encanamentos que estiverem por perto. "Isso é fruto da ausência de uma política pública que oriente a população", critica Jales.
Para evitar o plantio de espécies erradas, o Movimento Pró-Árvore elaborou uma lista de espécies nativas adequadas para arborização. Nas de pequeno, com até quatro metros, recomenda plantas como peroba e pau branco. De médio porte, de 4m a 8m, caraúba, ipê-roxo, ipê-amarelo, ipê-verde, oiticica, pitomba e outras. De grande porte, acima de 8m, estão entre as indicações timbaúba e oiti.
A Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb) esclarece que as causas de queda de árvores geralmente estão associadas aos fortes ventos, chuvas, espécies inadequadas e podas irregulares feitas pela população, sem a técnica adequada.
Já a Coelce informa que possui um procedimento de execução exclusivo para poda. Sérgio de Araújo, responsável pela área de Meio Ambiente do órgão, esclarece que existem pessoas capacitadas para isso. "A gente tenta livrar a vegetação para que ela não bata na fiação, mas isso não é feito de qualquer jeito. Temos técnicos treinados para que não ocorra dano ambiental".
Arborização
Com exceção de algumas praças e parques mais arborizados, o verde da Capital se resume aos canteiros centrais de ruas e avenidas. Mas mesmo nestes espaços, o contraste é visível. Enquanto algumas vias são bastante arborizadas, a exemplo da Avenida Barão de Studart, na Aldeota, outras estão abandonadas, acumulando lixo. A Avenida Carapinima, no Benfica, é exemplo disso. Próximo à Avenida 13 de Maio, nenhuma árvore é vista no canteiro central.
Na Rua Carlos Vasconcelos, próximo à Avenida Heráclito Graça, chama a atenção, mesmo dos olhares mais desatentos, um enorme oiti morto. A árvore passou a representar perigo para transeuntes e a uma loja ao lado. "Essa árvore é patrimônio nosso, é mais antiga do que a loja, que tem 21 anos", comenta um vendedor que preferiu não se identificar. Os funcionários afirmam que um vizinho matou a planta. Incomodado com as folhas secas que caíam em seu terreno, resolveu derramar óleo queimado na raiz. Não satisfeito, retirou parte da casca, método usado para matar espécies.
"É um crime contra a natureza", denuncia um outro vendedor, inconformado. Temerosos com os galhos que começam a cair, os trabalhadores resolveram acionar a Prefeitura. Confirmam que técnicos estiveram no local, mas nenhuma providência foi tomada.
O paisagista e engenheiro agrônomo Ricardo Marinho destaca que a criação de parques e jardins são tão importantes para a cidade quanto uma via de acesso e a iluminação pública. "Eles também fazem parte do sistema urbano e, como tais, têm que ser tratados de forma sistemática, e não pontual. Somente assim vamos obter resultados", observa.
O especialista denuncia que não existe em Fortaleza uma política de plantio de árvores - tão necessária para amenizar o clima da cidade, aproximar as pessoas da natureza e criar microclimas -, que contemple praças e canteiros centrais. "A cidade é praticamente toda construída. Com exceção da Avenida Beira-Mar, que é cheia de construções irregulares, não temos alternativas de lazer ao ar livre. Essa situação é reflexo da nossa sociedade, que deixou de valorizar a questão ambiental, e do poder público, que não regula esses espaços. Fortaleza é um desastre nesse aspecto", analisa.
como na Avenida Carapinima, no Benfica, o concreto predomina: não há nenhuma árvore Foto: Alex Costa
A segunda causa que aponta é a escolha errada de espécies para Fortaleza. O especialista explica que, para calçadas, o indicado é que sejam espécies de pequeno e médio porte. Já as de grande porte, para praças.
"A espécie a ser escolhida vai depender do local onde a árvore será plantada, se tem fiação. O problema é que isso não vem sendo feito. A gente observa que a população faz a arborização de espécies erradas, que não são nativas daqui", comenta. Em Fortaleza, predomina na arborização o nim indiano - espécie exótica invasora que não pertence a este bioma. O especialista alerta que o nim é uma péssima escolha para arborização urbana, pois levanta as calçadas e quebra todos os encanamentos que estiverem por perto. "Isso é fruto da ausência de uma política pública que oriente a população", critica Jales.
Para evitar o plantio de espécies erradas, o Movimento Pró-Árvore elaborou uma lista de espécies nativas adequadas para arborização. Nas de pequeno, com até quatro metros, recomenda plantas como peroba e pau branco. De médio porte, de 4m a 8m, caraúba, ipê-roxo, ipê-amarelo, ipê-verde, oiticica, pitomba e outras. De grande porte, acima de 8m, estão entre as indicações timbaúba e oiti.
A Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb) esclarece que as causas de queda de árvores geralmente estão associadas aos fortes ventos, chuvas, espécies inadequadas e podas irregulares feitas pela população, sem a técnica adequada.
Já a Coelce informa que possui um procedimento de execução exclusivo para poda. Sérgio de Araújo, responsável pela área de Meio Ambiente do órgão, esclarece que existem pessoas capacitadas para isso. "A gente tenta livrar a vegetação para que ela não bata na fiação, mas isso não é feito de qualquer jeito. Temos técnicos treinados para que não ocorra dano ambiental".
Arborização
Com exceção de algumas praças e parques mais arborizados, o verde da Capital se resume aos canteiros centrais de ruas e avenidas. Mas mesmo nestes espaços, o contraste é visível. Enquanto algumas vias são bastante arborizadas, a exemplo da Avenida Barão de Studart, na Aldeota, outras estão abandonadas, acumulando lixo. A Avenida Carapinima, no Benfica, é exemplo disso. Próximo à Avenida 13 de Maio, nenhuma árvore é vista no canteiro central.
Na Rua Carlos Vasconcelos, próximo à Avenida Heráclito Graça, chama a atenção, mesmo dos olhares mais desatentos, um enorme oiti morto. A árvore passou a representar perigo para transeuntes e a uma loja ao lado. "Essa árvore é patrimônio nosso, é mais antiga do que a loja, que tem 21 anos", comenta um vendedor que preferiu não se identificar. Os funcionários afirmam que um vizinho matou a planta. Incomodado com as folhas secas que caíam em seu terreno, resolveu derramar óleo queimado na raiz. Não satisfeito, retirou parte da casca, método usado para matar espécies.
"É um crime contra a natureza", denuncia um outro vendedor, inconformado. Temerosos com os galhos que começam a cair, os trabalhadores resolveram acionar a Prefeitura. Confirmam que técnicos estiveram no local, mas nenhuma providência foi tomada.
O paisagista e engenheiro agrônomo Ricardo Marinho destaca que a criação de parques e jardins são tão importantes para a cidade quanto uma via de acesso e a iluminação pública. "Eles também fazem parte do sistema urbano e, como tais, têm que ser tratados de forma sistemática, e não pontual. Somente assim vamos obter resultados", observa.
O especialista denuncia que não existe em Fortaleza uma política de plantio de árvores - tão necessária para amenizar o clima da cidade, aproximar as pessoas da natureza e criar microclimas -, que contemple praças e canteiros centrais. "A cidade é praticamente toda construída. Com exceção da Avenida Beira-Mar, que é cheia de construções irregulares, não temos alternativas de lazer ao ar livre. Essa situação é reflexo da nossa sociedade, que deixou de valorizar a questão ambiental, e do poder público, que não regula esses espaços. Fortaleza é um desastre nesse aspecto", analisa.
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