Após
a colheita da safra de sequeiro de abacaxi, concluída no mês passado, neste
município, localizado na região Sul do Ceará (Cariri cearense), os produtores
vivem agora a expectativa de continuidade da produção, mas temem a escassez de
chuva e reclamam da falta de apoio para o financiamento de atividade de
custeio. O cultivo da fruta na última década modificou o perfil agrícola local
e mostrou-se viável.
Mesmo
com três anos de seca, um grupo de 40 produtores vem mantendo o cultivo de
abacaxi na Chapada do Araripe e obtendo boas safras. A mais recente colheita
foi concluída no mês passado. A produção foi estimada em 20 toneladas e a
unidade foi vendida, em média, por R$ 2,00. "Quem plantou obteve boa
colheita e vendeu toda a produção para o mercado regional", disse o
gerente local da Ematerce, Francisco Novais Tavares.
A
colheita ocorre entre os meses de setembro e janeiro e o plantio é de sequeiro
(aquele que depende exclusivamente das chuvas). O cultivo é feito durante a
quadra chuvosa, geralmente a partir de março. O primeiro ciclo de produção do
fruto é demorado, 18 meses, mas a partir da primeira colheita, a cada ano, há
produção, por um período de três anos seguidos.
Satisfatória
O
balanço da mais recente colheita é positivo. "Para as condições climáticas
que vivenciamos nos últimos três anos, a safra foi satisfatória, razoável, não
apresentou prejuízo", frisou Novais. "A venda ocorre nos municípios
da própria região". As chuvas neste ano estão atrasadas no Cariri e de
resto no Estado. No Sul cearense, é comum as primeiras precipitações ocorrerem
em dezembro e se intensificarem a partir de janeiro. "Tivemos somente uma
chuva de seis milímetros no último dia 23 de janeiro", lembrou Novais.
"É insignificante para a média da região". Neste mês de fevereiro até
o último dia 12, foram registradas apenas duas chuvas, uma de 15mm, no dia 5, e
outra de 14mm no dia 11.
Os
produtores estão no campo, preparando o solo, fazendo os tratos culturais, mas
temem um período de estiagem ainda mais intenso do que no ano passado. Limpeza
da área, queima de restos de cultura e a espera de chuvas marcam o dia a dia
dos agricultores no município.
A
maior parte da produção de abacaxi ocorre na Serra do Dom Leme e numa área de
assentamento agrícola, com 15 famílias envolvidas na atividade.
"Enfrentamos muitas dificuldades, mas a safra foi boa", disse o
agricultor Francisco Souza. A produção amplia renda dos agricultores
familiares. Há um produtor que se destaca, Expedito Olegário, que começou
pequeno, na agricultura familiar, mas que investiu na atividade e vem obtendo
bons resultados e lucros.
O
abacaxi suporta um período de longa estiagem, mas uma nova seca pode afetar a
atividade e prejudicar o projeto de revitalização do fruto, que se iniciou a
partir do ano 2000. Além de Santana do Cariri, os municípios de Porteiras e
Crato têm experimentos e produção. A variedade mais cultivada é a pérola, que
apresenta boa qualidade, mas é susceptível ao ataque de pragas como fungos que
causam a fusariose.
Nas
décadas de 1960 e 1970, a Chapada do Araripe chegou a cultivar abacaxi em uma
área superior a 1.500 hectares. Hoje foi reduzida a menos de 10%. A doença
causada por fungos dizimou o plantio. A partir do ano 2000, sob o incentivo do
então gerente regional da Ematerce, Sérgio Linhares Cavalcante, houve a
implantação de pesquisa, estudos, com apoio de técnicos da Paraíba e do Rio de
Janeiro. Foram implantadas unidades demonstrativas. Os resultados foram
satisfatórios.
Falta
financiamento
A
partir desse período, foi implantado o projeto de revitalização do fruto, com
apoio da Ematerce e da Secretaria de Agricultura do Município. Até meados da
década passada ele andou a passos largos, mas a falta de financiamento bancário
para o custeio restringiu a produção do fruto.
"Infelizmente,
os bancos deixaram de financiara cultura, mesmo por meio de recursos do Pronaf
(Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar)", lamentou o
secretário adjunto de Agricultura, Ricardo Firmino.
O
gerente da Ematerce, Novais, observa que o abacaxi não é um fruto zoneado para
a produção de sequeiro na região. "Mediante as normas, os financiamentos
foram suspensos. Já fizemos vários documentos, pedindo estudos para a Chapada
do Araripe, mas até agora nada de concreto aconteceu". Outra medida seria
a introdução de variedades resistentes ao ataque de fungos. O solo da região é
favorável, por ser plano, arenoso, bem drenado e não encharcado.
Mais informações:
Secretaria de Agricultura de Santana do Cariri:
RuaUlysses Coelho, 200 -(88)3545-1181
Escritório da Ematerce
Fone:(88)3545-1205
Fonte: Diário do Nordeste
Nenhum comentário