Criada há cerca de 45 anos, a Casa de Saúde Santa Tereza mantém atendimento mensal a cerca de 200 pacientes. A maioria das pessoas internadas para tratamento na unidade é oriunda de municípios do Estado
FOTOS: ROBERTO CRISPIM
Crato. Mais uma unidade hospitalar ameaça
encerrar suas atividades por falta de condições financeiras para manutenção de
atendimentos a pacientes neste município. A Casa de Saúde Santa Tereza, único
equipamento existente no setor psiquiátrico em todo o Interior do Ceará,
contabiliza prejuízos devido à falta de reajuste dos valores repassados pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) e pelos constantes atrasos que acontecem durante o
processo de liberação dos recursos. Conforme a direção da unidade, há cerca de
oito anos não há reajuste no valor das diárias pagas pelo SUS, que continua
sendo de R$ 42.
Criada há cerca de
45 anos, a Casa de Saúde Santa Tereza mantém atendimento mensal para
aproximadamente 200 pacientes. A maioria das pessoas internadas para tratamento
na unidade é oriunda de municípios de diversas regiões do Estado. Há, também,
pacientes encaminhados de municípios dos Estados da Paraíba, Piauí e
Pernambuco. Anualmente, pelo menos 300 pessoas destes estados são encaminhados
para tratamento na unidade.
"A situação
se tornou crítica. Há mais de oito anos não há reajuste nos valores
encaminhados pelo SUS para que os tratamentos dos nossos pacientes possam ser
mantidos. Além dos valores serem defasados, há, também, a questão do atraso
constante na liberação dos pagamentos. As despesas mensais nunca são quitadas
na totalidade por causa da atual situação financeira. Praticamente estamos
trabalhando como entidade filantrópica e não há condições para continuarmos
desta forma", desabafou a farmacêutica Ana Isabel Barreto, que também atua
na diretoria do hospital.
Segundo ela, os
recursos atualmente recebidos se destinam, tão somente, ao pagamento da folha
dos funcionários da unidade, que hoje chega a cerca de R$ 85 mil, e de linhas
de crédito que o hospital precisou contrair para se manter aberto nos últimos
meses. "Também há o pagamento de outras obrigações do hospital, como
impostos e taxas, por exemplo. No entanto, o recurso não oferece a condição de
realizarmos ações extremamente necessárias para que os pacientes recebam
tratamento digno e de qualidade", revela.
Dívidas
Na avaliação da
farmacêutica, os atrasos verificados na liberação dos recursos destinados pelo
SUS também acabam gerando o aumento das dívidas da unidade.
"Costumeiramente há atrasos na liberação destes recursos. Isso acaba
gerando juros nas nossas obrigações sociais. Só a nossa GPS ultrapassa os R$ 44
mil. Então, a cada dia que este recurso não está disponível ao hospital, juros
vão se acumulando e as dívidas aumentam", disse.
A diretora geral
da unidade, Luciana Abath, informou que, além das questões relativas ao atraso
dos recursos, pagamento de funcionários, fornecedores e obrigações sociais, o
dinheiro pago atualmente não é suficiente para que reformas possam ser
realizadas na estrutura física da unidade. "Nós temos uma necessidade
muito grande de reformar algumas alas do hospital. Nossos pacientes acabam
quebrando muita coisa durante a fase de tratamento. Há uma necessidade enorme na
troca constante de vasos sanitários, realização de pintura em paredes, troca de
sistema de canos, dentre outras demandas. O problema é que não há dinheiro para
que estas situações também sejam resolvidas", afirmou.
Ela informou,
ainda, que a situação da Casa de Saúde foi levada ao conhecimento do Ministério
Público do Estado do Ceará, na perspectiva de que o órgão ministerial possa, de
alguma forma, auxiliar o hospital. "Nós procuramos o Ministério Público
para pedir socorro. Na verdade, estamos buscando chamar a atenção de toda a
sociedade para um problema que se agrava a cada dia. É preciso que façamos algo
de concreto para salvar o hospital. Caso contrário, não haverá outra
alternativa a não ser o fechamento da unidade", frisa.
Preocupação
O secretário de
Saúde do Crato, Francimiltom Mâcedo, informou que o município também está
preocupado com a situação. Segundo ele, a gestão tem se mobilizado, nas últimas
semanas, como forma de conseguir uma audiência com o secretário estadual da
Saúde, Carlile Lavor, objetivando que o Estado também contribuía
financeiramente com a manutenção do hospital.
"Desde que o
problema chegou ao nosso conhecimento estamos tentando uma reunião, em
Fortaleza, com o secretário da Saúde do Estado. A perspectiva é de que, no mais
tardar, esta semana, nós repassemos todas as informações a respeito da atual
situação do hospital Santa Tereza ao Estado e solicitemos que o governo crie
algum mecanismo de incentivo e de apoio financeiro para reduzir o
problema", informou.
Francimiltom
Mâcedo ressaltou, também, que na tentativa de diminuir os gastos da Casa de
Saúde com internamentos, o município está disponibilizando onze leitos para
tratamento psiquiátrico no Hospital São Camilo e que a rede de atendimento
psicossocial que está sendo criada deverá entrar em funcionamento nos próximos
meses.
"O município
está organizando sua rede de saúde mental. Estamos com o projeto de criação do
Centro de Atenção Psicossocial para tratamento dos dependentes de álcool e
drogas, bem como para tratamento infantil", disse.
Mais informações
Casa de Saúde Santa Tereza
Avenida Doutor Rolim, S/N
Vila Alta
Crato
Telefone (88) 3523-2511
Avenida Doutor Rolim, S/N
Vila Alta
Crato
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Roberto Crispim
Colaborador
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