Publicado em 25/08/2012 por Marcos Filho
Nesta manhã de sábado, 25, no auditório da Escola Dr. Pedro
Sátiro, a prefeitura de Várzea Alegre outorgou a dez filhos da cidade a medalha
“Papai Raimundo”.
A comenda foi criada em 2011, numa iniciativa do poder
executivo municipal, para homenagear filhos naturais da cidade, e também
pessoas de naturalidade de outras localidades, com trabalho prestado para o
desenvolvimento de Várzea Alegre.
O prefeito Zé Helder disse que a medalha Papai Raimundo tem
dois objetivos: fazer conhecida a história de Raimundo Duarte Bezerra “Papai
Raimundo” – fundador de Várzea Alegre, e reconhecer o trabalho de cidadãos que
emprestaram talentos em benefício do município.
Tibúrcio Bezerra, empresário e vice-prefeito da cidade,
falou do trabalho e da personalidade dos homenageados, evidenciando os atos de
cada um que justificam o recebimento do medalha “Papai Raimundo”.
Relação dos
homenageados:
Flávio Costa
Cavalcante – Promotor de Justiça (Foi representado por seu irmão, Luiz Fernando
Costa Cavalcante);
Francisco
Rivônio de Morais Pinho – Superintendente do Banco do Nordeste do Brasil;
Luiz José De
Souza (Luiz Preto) – Músico;
Maria Laís
Iolanda Costa – Professora (Representada por seu filho, José Iran da Costa
Junior);
Maria Miguel
de Oliveira (Rosinha) – Artesã e líder comunitária;
Oto de Otoni
Carvalho – Ex-promotor de Justiça;
Raimundo
Correia Ferreira – Empresário (representado por sua esposa – Thereza Bastos
Ferreira);
Tibúrcio
Bezerra de Morais Neto – Empresário e vice-prefeito de Várzea Alegre.
RAIMUNDO DUARTE BEZERRA “PAPAI RAIMUNDO” – O FUNDADOR DE
VÁRZEA ALEGRE
Uma peculiaridade que marcou Várzea Alegre, desde os tempos
mais remotos, tem sido a preferência pelo nome Raimundo. Com efeito, tornou-se
comum existirem Raimundos em todas as épocas e no seio de todas as famílias.
O fenômeno origina-se, em parte, na mística do santo
padroeiro, todavia a verdadeira origem é ainda antiga e se assenta na figura
histórica de Raimundo Duarte Bezerra, imortalizado pela alcunha afetiva de
Papai Raimundo.
Passados mais de dois séculos do seu nascimento, ouve-se,
hoje, com bastante freqüência, a indagação: quem foi Papai Raimundo? O que fez
esse personagem tão famoso, cuja história está meio adormecida lá nos confins
dos tempos?
Como resposta, podemos assegurar que Raimundo Duarte Bezerra
foi o principal ascendente das origens varzealegrenses e fundador da cidade.
Nasceu em 1767, no sítio Lagoas, distrito de Canindezinho,
filho de Francisco Duarte Bezerra e Bárbara de Morais Rêgo. Era neto de
Bernardo Duarte Pinheiro e Ana Maria Bezerra, ele o primeiro colonizador do
município de Várzea Alegre, aqui instalado em 1718, no tempo do Brasil colônia,
há quase 300 anos.
Casou-se com Teresa Maria de Jesus, no dia 20 de agosto de
1788, e escolheu as terras, onde depois surgiu a cidade de Várzea Alegre, para
edificar sua casa e estabelecer-se. Reza a tradição, que a casa ficava bem
próxima à lagoa e que em torno dela outras habitações surgiram. Foi erigida uma
capela e formou-se o embrião de um povoado que viria a ser Várzea Alegre, num
futuro tão distante.
Papai Raimundo tinha ancestrais portugueses, pernambucanos,
piauienses e dos Inhamuns. Sua mulher era neta de João da Cunha Gadelha,
fundador do distrito de Naraniu. Do casamento nasceram oito filhos que
cresceram ao lado dos pais, ocupados nos afazeres próprios de uma fazenda de
plantar e criar, segundo o modelo da época. Destaque para Major Joaquim Alves,
o principal responsável pela doação das terras a São Raimundo Nonato. Os
registros cartoriais, apesar de algumas controvérsias, revelam que Raimundo
Duarte Bezerra teve seis irmãos, com relevância para Manuel Antonio de Morais
(o velho Morais) e José Bezerra da Costa, também responsáveis por numerosas
proles. Mas era ele o líder e foi ele o nome que mais se identificou com as
origens da cidade, por ter fixado residência aqui. Depois de ficar viúvo, Papai
Raimundo contraiu um segundo casamento e dessa vez com Ana Maria dos Passos,
que era filha de Antônio Correia Lima e Damiana Pereira. Desse casamento
nasceram mais nove filhos. Destaque para Idelfonso Correia Lima (Major
Idelfonso), que seria importante personagem na história política do vizinho
município de Lavras da Mangabeira.
Rodeados de filhos, genros, noras, netos, sobrinhos e
afilhados, vivia o nosso patriarca devotado ao trabalho e à família. Sua
bondade era tanta que lhe valeu a alcunha afetiva de Papai Raimundo.
Faleceu em 1840 deixando com a família um legado que o tempo
não destruiria. O sítio por ele implantado prosperou, tornou-se povoado, depois
vila e hoje é esta cidade tão simpática, generosa, hospitaleira e progressista.
Esta é a razão pela qual ainda hoje cultuamos a memória de
Raimundo Duarte Bezerra. A história reconheceu a sua importância e para nós
esta terra será sempre a Várzea Alegre de Papai Raimundo.
Tibúrcio Bezerra
Nenhum comentário